segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ora bolas!

Engraçado que eu há muito tempo quero fazer um blog, mas toda vez que chegava perto disso achava que esse tipo de coisa era coisa para quem tem alguma coisa para dizer. "Dizer o que?, a quem?, a quem mais além de mim mesma interessa os meus pensamentos e teorias e maluquices e genialidades?" Me decidi por parar com isso, afinal. Sei lá, né, quem sou eu pra dizer que eu não tenho coisa alguma a dizer? Tiririca, que é Tiririca, é candidato a deputado federal (sim, eu disse federal), eu, que sou eu, ora bolas, devo ter coisa que se diga num blog. Sem querer ofender ninguém, vale lembrar. Daqui a pouco, o próprio aparece aqui querendo tirar satisfações com a minha pessoa e eu não pretendo passar por esse tipo de constrangimento.
Então... O fato é que eu me decidi por criar um blog, ora bolas, parar com essa frescura de "mas o que eu vou escrever? Mi-mi-mi...". E criei. Pari um blog.
Demorei horas de relógio como se diz por aqui (horas mesmo, não é força de expressão), escolhendo a imagem de fundo, as cores das letras, etecetera, etecetera; preparei tudo e na hora de escrever... Xiii, na hora de escrever deu branco. Aliás, branco não, não deu foi nada. No máximo, eu me lembrei que não tinha nada a dizer desde o começo e que eu sabia que esse momento chegaria e que eu estava apenas ignorando esse fato, essa verdade universal. A mesma que determina o uso de simple present numa sentença, que obriga todos a acreditarem que o céu é azul e a mesma que - essa eu gosto - afirma que o sistema é o culpado de tudo (ora bolas, ele é, não é?).
Dessa vez foram semanas, não apenas dias nem horas, que me consumiram antes que eu conseguisse rabiscar, ou teclar, melhor dizendo, algumas palavras nesse humilde espaço. Tá bom, tá bom, exagero meu... Não é que varei noites acordada pensando no que escreveria no meu blog, coisa de vida ou morte ou calamidade parecida, mas o coitado ficou entregue às moscas, coitado. O coitado, coitado, tinha uma imagenzinha de fundo e nada mais. Coitado do meu blog; mal nasceu e já não tinha vida.
Foi aí que, rá-rá! Eu me lembrei de uma coisa (e essa é a parte em que todos os meus leitores, todos eles, que congestionam a internet local só para acessar esta página, se acomodam melhor em suas cadeiras, aproximam o rosto do monitor e roem as unhas ansiosos pela revelação): o nome do blog, ora bolas!
A falta de propósito na sua existência me libertou da necessidade de explicação da mesma. Me pareceu, então, que nada seria mais justo que contar à minha multidão de fans essa historinha como inauguração de si mesma. "Comece pelo começo, ora bolas." O início de nada a partir de nada. Até porque, no fundo, no fundo, tudo (me referindo agora ao resto do universo real e virtual) surgiu, em algum momento, de coisa nenhuma. Tudo o que faltava era uma boa música de fundo. E pronto.