domingo, 28 de dezembro de 2014

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Nostalgia antecipada do futuro passado.

     Aos poucos a casa vai ficando vazia. Os momentos presentes vão se transformando em lembranças e saudade, como vozes e risadas que se esvaem enquanto se distanciam no corredor atrás da porta fechada.
     Antes de tudo acabar, sente-se o fim e o medo que ele chegue. Como ao arrancar um band-aid da ferida curada. Você não precisa mais dele, você sabe que precisa se livrar dele e que vai doer. Não tem jeito, não adianta adiar, mas você adia mesmo assim por mais uns instantes, só pra ver se a coragem aumenta um pouco. O mesmo serve para depilação com cera. O sofrimento por antecipação é um mal quase inevitável. Apesar dele, nunca na história da humanidade, ter evitado qualquer mal.
     Agora tudo já está vazio. Menos o meu quarto e a minha cabeça. "Preciso empacotar tudo", penso. Mas não sei por onde começar. Talvez, mesmo, eu só não queira. Não, não... eu quero. Aceito a minha hora, acredito na certeza dela. É o apego que não deixa.
    Sobre o des-apego, por outro lado, foi o que mais aprendi nesse tempo. Não que eu o domine, apenas o reconheço muito melhor. À sua força, sua sabedoria, à sua dificuldade e sua íntima relação com a liberdade. E com o amor...
     Ah, o amor! Quanto mais o conheço, mais me encanto e o acho lindo e perfeito. E ainda há muito.  Há tanto! Ainda há o semfim do infinito. Ah, amor, você é demais! Espero sem pressa o substantivo virar verbo. Enquanto isso, a neve está chegando mais uma vez.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

sábado, 30 de agosto de 2014

Quatro

Ai, se soubessem quanto tem aqui agora
Ah, quanta lembrança me enche
O coração de amor e os olhos d'água

Ora, que mal tenho tempo
Preciso corrrer
Mas preciso dizer
Meu sangue é seu, é nosso
E tudo mais do que sou feita
Lhes dou e agradeço

O meu amor eterno não tem fim
Não tem condição
Só tem amor para amar
E agradecer

Nada tenho mais para dizer
Só saudade para sentir
E a música para ouvir a nós mesmos

Em um carro a caminho de qualquer lugar.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Delicadeza de flocos de neve

     Nunca tinha visto neve na vida. E nada me fez refletir tanto sobre esse momento da minha vida do que vê-la cair.
     A intensidade de tudo que estou vivendo me fez um pouco insensível. A força das informações tem sido tão forte (e tão boa) que tudo que vinha acontecendo estava meio que passando despercebido por mim, nada mais me atingia. Eu sabia que não devia ser assim.
     Sempre fui muito suceptivel as emoções da vida, sempre fui muito sensível a elas e às cores, ao vento, à paixão. Mas um dia isso se perdeu. Eu me perdi ou perdi parte de mim e não conseguia encontrar mais. Talvez a verdade seja que eu não queria ser encontrada, queria me esconder para sempre. De vergonha talvez, de pesar. Não arrependimento, mas pesar.
     Nem na felicidade de estar com a minha familia ou meus amigos, nem a felicidade da própria felicidade me fazia sentir. Até que ganhei a oportunidade de viver meu sonho: viver a minha vida. finalmente descobrir quem sou eu. não a filha, irmã, amiga... eu. Só isso e as estrelas e a saudade do amor me fizeram sorrir. Saudade do amor que nunca conheci. Que como a neve ja tinha visto de diversas formas, mas nunca de verdade.
     Agora neva forte lá fora. Agora sinto o amor crescendo aqui dentro. Não tenho certeza de onde ele vem, se vai para alguém, algum lugar, mas posso sentí-lo. Não é fogo que nem a paixão, meu amor, meu motor. mas ele é quente e gostoso e sutil. Como a neve.

30/01/2014