sábado, 1 de fevereiro de 2014

Delicadeza de flocos de neve

     Nunca tinha visto neve na vida. E nada me fez refletir tanto sobre esse momento da minha vida do que vê-la cair.
     A intensidade de tudo que estou vivendo me fez um pouco insensível. A força das informações tem sido tão forte (e tão boa) que tudo que vinha acontecendo estava meio que passando despercebido por mim, nada mais me atingia. Eu sabia que não devia ser assim.
     Sempre fui muito suceptivel as emoções da vida, sempre fui muito sensível a elas e às cores, ao vento, à paixão. Mas um dia isso se perdeu. Eu me perdi ou perdi parte de mim e não conseguia encontrar mais. Talvez a verdade seja que eu não queria ser encontrada, queria me esconder para sempre. De vergonha talvez, de pesar. Não arrependimento, mas pesar.
     Nem na felicidade de estar com a minha familia ou meus amigos, nem a felicidade da própria felicidade me fazia sentir. Até que ganhei a oportunidade de viver meu sonho: viver a minha vida. finalmente descobrir quem sou eu. não a filha, irmã, amiga... eu. Só isso e as estrelas e a saudade do amor me fizeram sorrir. Saudade do amor que nunca conheci. Que como a neve ja tinha visto de diversas formas, mas nunca de verdade.
     Agora neva forte lá fora. Agora sinto o amor crescendo aqui dentro. Não tenho certeza de onde ele vem, se vai para alguém, algum lugar, mas posso sentí-lo. Não é fogo que nem a paixão, meu amor, meu motor. mas ele é quente e gostoso e sutil. Como a neve.

30/01/2014