De repente sinto. Sinto tudo fazendo sentido, existindo por
um propósito. De repente não preciso parar para pensar no que vou escrever
porque tudo já está escrito dentro de mim. De repente a vida pela qual vale a
pena lutar surge e a vontade de fazê-la valer ainda mais se torna
incontrolável. E ela não quer ser controlada, ela quer mais, ela se alimenta de
si. O medo que se alimentava de medo, porque é assim que ele funciona, se transforma
em ânsia, em desejo, em poder, intenção e reação, choro e grito que chora e
sorri feliz de si. De repente levanto minha cabeça para a luz azul que ilumina
meus banhos de pensar e sinto. Sinto a vida, sinto o sangue, sinto escorrer nas
minhas entranhas, pulsar em meu cérebro, rasgar as minhas veias aquilo que não
tem nome e só eu sei que existe quando existe. Aquilo que é o motivo de eu estar
aqui, é o sentido da minha busca, aquilo que não se explica, que é de poucos, e
quem o conhece, quem conhece essa sensação, não a troca por nada. A melhor
droga já experimentada, o vício maior que a própria paixão, que é tão forte que
se duvida existir algo mais intenso. Mas existe, e está aqui, agora (não por sua
causa, dessa vez não é você que me leva, não é a sua correnteza; dessa vez eu nem te
conheço). Existe em mim e é ressuscitada apenas por mim. Não se sabe por que,
não se prevê quando, não há padrões, e é infinita. Como o pi.
Tenho o habito de ler alguns texto como se fossem meus ou como se estivesse diante do autor em um diálogo onde reescrevo o que leio. Isto nem sempre é "legal", pois parece que tomo para mim inspirações alheias. E foi isto que acabo de fazer e que vou publicar lá no "Amigo de..." e cujo título é o mesmo que o teu sem os numerais, por extenso mesmo. Espero que goste.
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