sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Momentos de terror! (E o Dono da Tabacaria, de novo?)

     Não, essa não é uma história macabra ou cheia de suspense, daquelas que sua tia avó conta para a sua mãe que aconteceu com a sobrinha de uma camarada dela "...lembra da Clotilde, minha filha? Pois é, coitada!, a sobrinha dela foi assaltada, um horror! Ela disse...". Não. Nem tão assustadora assim (quanto a história ou a conversa da sua tia avó), mas foi um instante tenso que acreditei merecer ter um espaço aqui e ser compartilhado, junto com os outros pensamentos.
     Hoje, quando estava voltando da faculdade, resolvi parar no shopping para comprar algumas coisas que estava precisando e que há quase um mês enrolo para fazê-lo. O fato é que numa daquelas paradas estratégicas (que variam entre 5 minutos corridos e algumas horas deleitosas) numa livraria, me deparei com um tipo de livro que tenho visto aos montes de 1001, 501, 101, 7.563.492 coisas para fazer, ler, comer, visitar, assistir, beber, ouvir - ufa! - antes de morrer; e isso me deixou significativamente angustiada. Não pela morte, mas pela vida, é medo da vida! Já viu absurdo maior?
     Vendo aquela quantidade imensa de afazeres indispensáveis durante a vida aqui na terra, me bateu um sentimento meio desesperado, um medo de não conseguir fazer tudo que pretendo. Quantas vidas mais vou ter que viver para realizar tudo? Porque é tanta coisa! Como conseguir, em uma uma única chance, formação em medicina, arquitetura, cinema, produção cultural, veterinária, design; conhecer outros países e morar em alguns deles; ver todos os filmes da minha lista (ela cresce em PG, eu assisto os filmes em PA); ler todos os livros que me indicam, mais todos os outros que decido ler por mim mesma; voltar a dançar balé, street, aprender dança de salão; me tornar poliglota; descobrir qual o melhor café do mundo; fazer cursos de arte, fotografia...? A pergunta é: como?
     O bom e velho deus que me livre de qualquer angústia ou neurose desnecessárias, sei lá, crise de meia idade em plenos 20 anos. Coisa de menina mimada. Mas como não deixar o indivíduo perturbado com tantas coisas? Tantas imposições feitas. Não por ninguém; imposições minhas para mim mesma. De vontades, de objetivos a serem alcançados. A questionabilidade da plenitude de uma pessoa por viver sem esses fatores extra (?) de satisfação pessoal. É coisa da idade? Sempre ouvi falar que os jovens têm mania de querer fazer tudo ao mesmo tempo, que com o tempo passa. É verdade? Eu acho que não quero que seja coisa de idade, quero dizer, eu não espero, em algum momento da minha vida, parar de querer viver ou querer parar de viver (e não é a mesma coisa). Quem disse que eu quero que passe? Dá pra morrer, se não de amargura, amargurado por causa disso? ...





       


"Supletivo, supletivo..."






     Foi quando meu celular tocou... Ufa! Era "o Esteves sem metafísica ... e o universo Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu".
     De novo.

Um comentário:

  1. Você me fez lembrar de um bando de "filósofos" malucos lá de Sampa, os tais dos TITÃS. Há uma música deles que a letra é curta e diz assim: "Uma coisa de cada vez/ Tudo ao mesmo tempo agora". Esse dilema não tem fim. Quem mandou parar pra pensar? Outra canção dizia assim: "Não, não posso parar/ Se paro eu penso/ Se penso eu choro". E, para terminar as citações, o nosso poeta querido Pessoa escreveu certa vez que "Só os ignorantes são felizes/ mas são sem o saber/ Como pedras". Acho que era assim, pois me ocorreu agora no meio da leitura de teu texto (Gostei dele!). Um abraço.

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