sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ou não?

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que essas palavras foram escritas quase sem sentir. Aliás, as escrevi porque senti, sim, mas foi um momento. Não necessariamente as tenho como filosofia de vida. De vez em quando, não sempre...


     "O que tenho a dizer é que as pessoas ficam burras quando se apaixonam. Não que seja efetivamente possível variar o QI de um indivíduo; hora alto, hora baixo, hora alto... Mas fica claro o quanto a capacidade de raciocínio e senso crítico se tornam limitados ou inexistentes quando isso acontece.
     Qual o problema das pessoas com o amor? Que é isso que exerce tal poder acima de todos os humanos? Existe mesmo algum tipo de metafísica no ato de se apaixonar ou é tudo arte da mente vulnerável e susceptível a qualquer olhar, qualquer elogio, qualquer toque? Existe metafísica no ato de se apaixonar? Durante a paixão e o amor, existe? Será a metafísica de se apaixonar, da atração de prótons e elétrons, a burrice que acomete a todos nós? Porque tantos escritores ditos e tidos como exemplos de inteligência se dedicaram e dedicaram suas canetas, seus papéis e suas palavras a essa embreaguês da alma?
     Embreagados, sim, é o que acontece. A suspensão momentânea da razão, do raciocínio, da capacidade de comportamento adequado. A suspensão do domínio que o homem tem, naturalmente, sobre o próprio corpo dando lugar ao alheiamento total, à incapacidade, à inutilização do pensamento, à vulnerabilidade a vontade do outro. Como se não houvesse vontade própria, não! Onde fica o instinto de sobrevivência, o egoísmo e a colocação das necessidades próprias, antes de qualquer outra, em primeiro lugar; onde fica, hein?!
     Dilemas criados e dramatizados com tanta intensidade, sim, verdadeiramente vividos com muita intensidade, e para quê? Para nada. Amar é nada e ser amado é breve massagem ao ego. Amar é nada, ser amado é tudo.
28/08/2010"


Isso soa um tanto de amargura da minha parte, entendo. Mas não por isso deixa de ser, ao menos, meia verdade nessa vida.


"Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.
Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada."

-Ricardo Reis

Um comentário:

  1. Você já leu o livro "Enamoramento e Amor"? Acho que você ia gostar. Não lembro mais o autor, mas sei que foi escrito por um sociólogo italiano e que é fininho e gostoso de ler. O teu texto me fez lembrar dese livro e me fez querer te dizer que o amor não nos torna mais burro (rsrsrs), apenas nos faz usar as outras parte do nosso ser. O intelecto passa a valer menos e o corpo, o desejo, o espírito (ou coisa semelhante) passam a falar mais alto em nós. Um abraço.

    ResponderExcluir